segunda-feira, julho 20

foram duas coisas (2)

Eu quis mostrar ao mundo que eu podia fazer o certo enquanto um amigo meu me mostrava que o que eu fazia era errado. Eu quis gritar aos meus textos a minha condição sexual enquanto ele gritava ao meu ouvido que achava isso totalmente ridículo, mostrando em todos os seus ritmos a dança com sua mão, a qual tratava o preconceito como uma luta impossível que ele não estava disposto a lutar; porque ele, naquela hora, não precisava. Ele era homem e odiava bichas - recitando as palavras dele.
Acho engraçado que o sonho da vida dele seja igual ao meu - isso se não for mais forte! - porque ele tem tanta capacidade no que ele sabe fazer que eu até me envergonho e fico embaraçado. Da mesma forma que ele escreve aquilo que ele sente, ele vai matando as personagens que ele cria e vai criando um desfecho perfeito pra elas enquanto eu, do outro lado, só consigo ficar lendo admirado todas aquelas ideias malucas e excitantes fazendo o que, no momento, era o que eu sabia fazer melhor: comer ruffles e tomar coca-cola. Impotência é foda.
Eu não preciso ficar detalhando as capacidades de escrita dele, mas mesmo sem me ver no direito de julgar umas atitudes da personalidade dele, eu vou julgar sem nem estar vendo as consequência. Espero honestamente que ele se perca de tanta indignação da minha parte. Falso moralismo é a coisa mais indigna que existe, é aquela coisa que consegue me fazer partir dos extremos entre o amor e o ódio.
Acho que ele conseguiu fazer isso comigo, comecei a sentir uma pontada de inveja materializada em nojo que eu simplesmente não conseguia escrever pra ele a resposta no msn - não sei se porque eu estava incrédulo ou se porque eu realmente não estava entendendo a situação.
E resumindo a história, ele foi um filhodaputa que fez mais uma filhadaputisse comigo. Por quê? Porque me fez ter certeza que a minha condição sexual era a errada, me encheu de preconceito e críticas a respeito de mim e de todos que são assim que fizeram com que eu me sentisse um lixo! Falou que isso era uma safadeza, uma pouca vergonha e todos os outros comentários blasé que as pessoas adoram utilizar pra falar disso.
Aquelas coisas provincianas que qualquer pessoa normal já está acostumada a ouvir. Tudo bem, até cheguei a me sentir mal por isso - eu juro! - e me senti mal porque eu jurava que ele era uma pessoa legal, uma pessoa que não diria o que disse se não fosse porque queria o meu bem.
Ele destruiu isso quando veio me falar que era gay também. Pra quê isso? Pra quê fingir um preconceito que não existe? Pra quê ficar todo feliz se explicando depois como se eu fosse adorar a história? Vi nele atitudes minhas e senti ódio por isso. Fui hipócrita, talvez o falso moralista aqui até seja eu. Mas não ligo, já superei a parte que eu sentia preconceito por experiência própria.
E quanto ao fato dele me contar isso agora, todo sorridente...Será que ele achou que eu iria querer ficar louco pra comer ele? Dar uma de prostituto incrédulo e jogar nele todo o meu charme que joguei com ódio e fúria nas batatinhas ruffles que comi? Ha-Ha ! Não sou besta, ele que vá pensando. Quando eu via ele, até fazia bolinhas na minha cabeça de tristeza... Por não saber que eu não podia ser amigo dele porque ele era preconceituoso.
Mas agora que ele me mostrou essa outra parte dele, a parte que ele não tem preconceito nenhum e a parte que ele é indiferente em relação a isso, me senti como se ele tivesse sido um falso comigo esse tempo todo, rindo por trás enquanto eu fingia que era uma coisa que ele jamais poderia entender por completo. E ainda disse " Ah, o que importa é o agora! " quando mostrei meu semblante de ódio.
Esse tipo de pessoa faz meu preconceito florear e grita tão forte em minha mente que eu não consigo impedir. Me faz ter nojo, me faz ter ódio; me faz criar garras que não tenho.
Eu que jurava que não conseguia partir dos extremos... Me surpreendi! E gostei disso, surpresas são sempre bem vindas. Só não sei se essa foi interessante, como ele mesmo disse que imaginou que seria. E como ele mesmo errou, achou que conheceria minhas atitudes. Pobre babaca, não sabe um terço da missa.

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