segunda-feira, fevereiro 25

adeus, minha flor


Não sei como começar e, pior ainda, não tem como terminar. Foi tudo tão inesperado, tão assustador e tão sangrento que não tive tempo de parar para refletir.
Tenho que começar de algum lugar, até porque, essa história teve um começo – que foi triste – um meio – que foi triste – e um fim – que foi mais triste ainda.
Muita gente já sabe disso e, esta história da minha família correu por muitos lados do Brasil e, em certa forma, até alguns poucos lugares e poucas pessoas do outro lado do mundo ficaram sabendo.
Há doze anos minha priminha nasceu. Quando pequena, ela era a criança mais linda que eu havia visto em toda a minha vida ( é fato que eu tinha cinco anos de idade quando ela nasceu, mas eu consigo me lembrar muito bem ) do jeito que ela sorria, das danças que ela fazia e das brincadeiras que ela gostava de brincar quando eu me juntava a ela todo fim de semana ou sempre que possível. Desde os primeiros meses até os três anos, ela foi uma criança normal, que brincava como todas as outras e chorava quando caía no chão – mesmo que a dor fosse pequena.
Aos três anos, ela começou a tropeçar e a se desequilibrar inexplicavelmente. Os pais levaram aos médicos e os médicos não sabiam o que fazer. Passado isto, febres de mais de quarenta graus decorreram a surtos e desesperos e lágrimas e tristezas que nem quem está perto consegue entender foram criadas. Há nove anos tudo começou, há nove anos a nossa vida mudou e há nove anos eu vivo o que até hoje eu não consigo aceitar.
Ao decorrer deste tempo, ela foi se degenerando cada vez mais, onde ela primeiro parou de andar. Depois, parou de falar. Depois, parou de ouvir. Depois, parou de enxergar. Depois, parou de comer. Pouco a pouco, perdeu todos os cinco sentidos do corpo. Ela passou a viver limitada em uma cama, com os cuidados da mãe e o pai desesperados, que faziam o possível e o impossível para que ela voltasse a ser como era antes – em vão. Seus ossos foram se atrofiando, braços e pernas se encolhendo, coluna entortando e outros detalhes que eu poupo de escrever. Ela conseguiu, em nove anos, viver assim, lutando contra tudo e todos para vencer essa coisa estranha chamada vida, tentando suportar a dor que ela não sabia demonstrar, tentando acalmar os pais e os amigos que não entendiam o que acontecia e nos fazendo aprender que o que nós vivemos, nossos olhos – mesmo com miopia – nossas pernas – mesmo com câimbras inacabáveis – nossa garganta – mesmo com problemas nas cordas vocais – e nosso corpo, mesmo debilitado em algumas regiões, nos mostram que tudo ainda pode ser muito bom e que se pararmos de reclamar, a coisa pode se tornar legal.
Ela não teve nem a chance de reclamar com todos esses probleminhas concentrados em seu frágil corpo, sua forte alma e sua coragem e fé inacabáveis.
Nestes nove anos que se passaram, muita coisa aconteceu e esta menina foi lutando brava e fortemente contra todas as adversidades que lhe ocorreram, nos preparando para que o que era inevitável acontecesse e nos deixando a marca do seu coração para que pudéssemos relembrar de sua bravura eternamente.
Há uns três anos atrás, ela nos deu um susto nos fazendo pensar que iríamos perdê-la, quando os médicos declararam que o pulmão direito não estava mais funcionando.
Choramos, gritamos e rejeitamos esta idéia, até que, milagrosamente, ele foi voltando a funcionar, como se ela fizesse uma força que os doutores desconhecessem.
Destes três anos para cá, outros sustos terminaram com final feliz, quando achamos que tínhamos vencido a morte naquela vez. Estamos em fevereiro e, desde Janeiro, ela não conseguia mais defecar tampouco urinar, seus órgãos foram parando de funcionar e, desta sexta-feira para o sábado, os médicos deram poucas horas de vida para ela.
- infelizmente, desta vez, eles não falharam.

Hoje, 25/02/2008, meu/nosso anjo se foi, foi descansar em paz e aproveitar do seu merecido sonho eterno.
Faço aniversário amanhã e nem me pergunto mais que tipo de presente eu posso ganhar, não sei ao certo se eu ganhei ou se perdi o dia, mas uma coisa é certa:
- com ou sem aniversário, ela nunca será esquecida. Eternamente saberei que ela me amava e, com um sorriso na alma, sou obrigado a dizer Adeus mesmo quando eu não estou pronto para isto.
... voe com as pombas, brinque como nunca brincou antes e aproveite aí aquilo que não foi possível aproveitar aqui. Nós te amamos e, que a paz esteja contigo.

Amém.

sábado, fevereiro 9

indefinido exasperado!



Não vemos mais o sol
Nas tardes de esplendor
Hoje amo como um prol
- um grito ensurdecedor.

A minha raiva floresceu
Transformou-se em paixão
Minha vontade padeceu
- eis minha doce seleção.

Não invente meus amores
Muito menos se assuma
Palavras só trazem dores
- e eu te amo como uma.

Talvez bem no meu futuro
Minha vida se transforme!
O carinho no meu muro
Inconstante e uniforme

Que exale o calor
Do corpo que te deseja
Movimentos de ardor
De uma onda que chameja

Não há como explicar
Aquilo que não sabemos
Seria o verbo amar?
- que não é nada do que vemos.


terça-feira, fevereiro 5

cácolá.


é, a gente acha que a tristeza é um sentimento que só acontece com a gente e que, a felicidade é algo que só os outros têm o prisma de encontar.
não sei se eu posso classificar isso bem assim, mas na minha opinião, quem pensa isso são as pessoas que geralmente já encontraram a felicidade - ou a tristeza - e que, por mais que tentem, não têm a capacidade de aceitá-la(s).
"Aceitá-las?" é, aceitá-las. as duas.
D.U.A.S. !
ficou uma interrogação em sua cabeça? ou foi só na minha, quando eu mesmo me fiz esta pergunta ?
tem gente que, dentre tanta balança e tanto sentimento pra segurar, resolve apenas a vida com a classificação de alegria e tristeza.
convenhamos que tanto a felicidade quanto o seu oposto só trazem momentos simultâneos, onde assim que deixamos de fazê-lo, saem e vão " atormentar " novas vidas. Parei outro dia para pensar, porque tem muita gente que se diz feliz e muita gente que se diz triste, solitária e todos os sentimentos negativos que a gente inventou - ou deixou de inventar. Sou uma dessas pessoas e, meu humor muda assim como um piscar de olhos ou um tapinha no interruptor com a capacidade absurda de fazer as lâmpadas ao seu redor acenderem. Todo mundo sabe que o humor é temporário, e acho que o que classifica a gente de verdade é o humor que encaramos, porque parando pra pensar, você descobre que hoje é feliz e amanhã é triste.
[ e isso quem lhe contou tudo foi o humor ].
Meu humor me conta todas as coisas, ele me liga todo dia de manhã e grita no meu ouvido dizendo tudo que eu devo fazer no dia. E geralmente o humor acerta, mas existem ocasiões em que eu me surpreendo a mudar o humor do segundo pro nanosegundo.
- e que esse momento é incrível e extremamente especial para mim dizer em apenas um tópico.

neste dia, o meu momento é indescritível, porque eu não sei se estou triste ou feliz, tampouco alegre, contente, chorão ou ignorante.
Mas amanhã meu humor vai me ligar e vai dizer se eu devo ou não mudar e ainda, se isto que estou fazendo é o melhor pra mim

a voz da consciência ou a mãe da congruência?
beijo, me liga.
.
.

foto acima: obra de chinua achebe, " o sofrimento " .

segunda-feira, fevereiro 4

s.o.n.h.o


"Nem toda palavra é
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz"
.
"A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão às vezes é doce
Mas às vezes é doce não"
.
.
"Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar"
.
.
.
sonho de uma flauta - O teatro mágico

domingo, fevereiro 3

A troca.

imaginei que, por mais que as promessas que ela me fez que não iria me abandonar e por mais que eu tenha acreditado que ela realmente tenha dito que eu fui [ ou continuo sendo, não sei ] uma das mais importantes pessoas da vida dela, minhas imaginações seriam verdade.
- é, pode até ser que, num passado beem distante, eu tenha sido alguém que significou algo pra ela, mas nesse presente ela teima em me dizer que ainda sou " a melhor amiga " que ela tem.
Sempre que eu falo pra ela que duvido que ela esteja me trocando pela outra pessoa, ela me retruca dizendo que isso é improvável porque eu sou importante pra ela de um jeito que ninguém consegue ser e, por se tornar tão normal este fato, comecei a duvidar e, dentre as dúvidas, questionar-me e tentar encontrar motivos que me apeteçam a acreditar na palavra dela.

fato número um [ primeiro ]; nome da fase - o alerta.
- ooi, tenho um namorado. vamos nos casar semana que vem!
[ é minha melhor amiga e, não me deixou sabendo disso ] .
tentei ter uma conversa com ele pela primeira vez porque eu queria tirar umas dúvidas a respeito dele pois eu queria saber se ele era bom pra ela e ele me bloqueou porque ficou com trauma das minhas perguntas. haha.
*duração de fase: três ou quatro dias.

fato número dois [ segundo ]; nome da fase - o pedido
"- ááah, me passa o msn dele pra mim conversar com ele e falar umas coisinhas com ele. "
e foi retrucado, em todas as tentativas:
- não, se quiser, vou colocá-lo aqui nessa conversa porque também quero saber.
*duração de fase: dois ou três meses - talvez um pouco mais.

fato número três [ terceiro ]; nome da fase - socorro!
" - ááah, socoorroo, me defende aqui porque estou sendo acusada de coisas horríveis e, isto pode acabar com meu casamento" - era ela pedindo!
lá vou eu, ajudando com todas as minhas forças e protegendo ela de acusações que, na maioria eram verdadeiras. E eu protegendo ela, com forças que nem eu sabia que tinha, até o momento em que o 'promotor' resolveu sair e saí também, já tendo-a protegido por uma grande parte e fazendo assim com que ela tenha uma particular conversa com o 'amante-marido' que ela tem. no final, deu tudo certo.
conclusão: - o carinha que ela casou defendeu ela melhor do que eu, mas se mostrou completamente interessado no seu passado do qual, sinceramente, não sei o que aconteceu.
áah, eu mudei meu conceito sobre ele também, porque eu achava que o que ele sentia por ela era apenas mais um caso de verão onde ele dizia que queria passar o resto da vida com ela, onde, porém, me enganei. isso pelo menos era verdadeiro e decidi "aceitá-lo".
*duração de fase: duas ou três horas, fora as incontáveis horas a seguir que fiquei pensando nela e se tudo tinha dado certo. ao todo, não sei quando tempo foi porque até hoje penso nisso.

fato número quatro [ quarto ] ; nome da fase - o passado!
tá, voltei um ou dois anos no tempo e relembrei do que acontecia. Ela tinha uns namorados que sabe-se lá onde foram encontrados e que, por motivos e culpas extremamente deles, fui obrigada a entrar em ação, dando um jeito de protegê-la dos dois, fazendo planos mal orquestrados onde raramente eu obtia sucesso - mesmo com a idéia presa na mente de capturá-los e fazê-los pedir perdão pelo sofrimento que perdurou na moça por tanto tempo. até fiz outro perfil na tentativa de persuadí-lo, que, obviamente, fracassou
*duração de fase: quatro, cinco ou seis meses ? não sei.

fato número cinco [ quinto ] ; nome da fase - o passado do passado.
é, a quinta fase eu não tenho do que reclamar porque foi quando nos conhecemos. Lembro-me que foi em um joguinho na internet onde nos relacionavamos com as outras pessoas e, me apresentaram ela: foi amor a primeira vista.
desde então, tardes juntas, madrugadas grudadas, maldades criadas e contadas para a outra, planos feitos que no final não foram cumpridos, júrias que não entraríamos em relação com outra pessoa porque isto atrapalharia nossa amizade e outras coisas que fizeram este período de dois anos durar uma eternidade e, por isso, meu carinho absoluto por você deixou-me na posição de fazer este fato virar um ato - mesmo que passado - e provar de alguma forma, que você ainda vale algo pra mim.
*duração de fase: desde o dia em que a conheci, há dois ou três anos atrás. até hoje.

fato número seis [ sexto ] ; nome da fase - o sexo!
é, ele não podia faltar. e veio com tudo, se assim permitem-me dizer. nas tardes de sobra que ela vinha falar comigo sobre a relação que ela teve no dia passado, quando ela levou ele pra cachoeira ou pro meio do matinho e ali mesmo, eles fizeram! depois da cachoeira, as promessas de gritos que um faria para o outro e o medo que um causa no outro só de pensar em estarem próximos.
é, isso é legal. mas para os dois.
*duração de fase: pouco tempo, desde que ela o conheceu.

fato número sete [ o último, ufa.! ] ; a grande troca.
" Amiga, você não sabe! hoje aguentamos dez vezes seguidas... não, foi treze... não, foi quinze. eu contei! "
eu não acreditei no início, mas no contexto e rumo que a conversa ía, não teve por onde. e aí percebi que os momentos que ela passava comigo foram totalmente trocados por momentos que ela passa com ele, agora fazendo sexo - o incomparável e intransponível queridinho de todas as pessoas.
*duração de fase: começa hoje, não sei até quando vai, muito menos se vai parar.


tenho certeza que minhas tentativas de compartilhamento e "volta a ativa" foram úteis - pra mim, que acreditei que aconteceu de verdade.
não quero mais ser considerada a pessoa que um dia acho que fui, muito menos quero que termine um relacionamento por minha causa, porque isto quem decide é você e eu sei que agora você têm que dividir seu tempo por três, quatro ou não sei quantas pessoas têm o privilégio de ganhar um minuto seu, agora o que eu realmente quero é que você pare de me enganar e me diga a verdade olhando na minha cara que você não me trocou por alguém que você está usando - e vice-versa - como brinquedinho pessoal.
já cheguei nos dias de te ajudar quando você mais precisava, de te socorrer quando você mais acalorava e te salvar nas terríveis situações - não me arrependo e tampouco me arrependerei - mas refleti e, sinceramente, não vejo guardado na minha mente um momento em que tive sua ajuda nos momentos em que eu precisava, porque nos dias em que chorei de tristeza e eu precisava falar com você as únicas palavras que você me mostrou foram palavras escondidas por trás de emoticons de tristeza, que no fundo no fundo, não significam nada.

talvez, do meu próprio jeito, isso seja um Adeus. E confesso que eu não queria que fosse assim, mas se você é feliz do jeito que você está sendo, que continue sendo sem mim porque com certeza melhorará.

um beijo e, eu te amo.
s2.

sexta-feira, fevereiro 1

sentir ou fazer.

" ontem eu vi você na frente do shopping Metrópole, na frente da loja Zêlo. Estavas com uma menina e, não falei com você porque eu não queria te incomodar. "

INCRÍVEL como o universo conspira ao nosso redor, porque antes de ontem [ quinta-feira, dia 31 ] eu matei aula, desde as três horas da tarde e fui para o shopping metrópole, onde - coincidência ou não - o melhor amigo da minha mãe havia me visto com uma colega minha.
é, eu estava na frente da zêlo lá e ele estava chupando sorvete.
O problema não era ele me ver e sim, ver as duas juntas, porque elas não seguem o padrão de sexualidade normal escolhido pelos outros e sim, um que elas próprias perceberam ao olhar para si mesmas [ fora do espelho ] e descobrir o que realmente elas preferem.
Nunca interferi, até porque eu gostei e tenho afinidade com elas, eles ou seja lá como preferem dizer.
o magnífico é que, quando ele me viu, foi apenas um minuto em que eu me desgrudei do casalzinho e fui dar uma volta com ela - porque a outra estava muito ocupada falando com o melhor amigo dela - e neste minuto foi quando ele me viu, com as mãos dadas com a outra menina como se fôssemos um casal de verdade.
Levei um absoluto susto quando isso aconteceu e, ao mesmo tempo, dei graças a Deus porque não aconteceu o que eu temia.

[ é para mim ter mais medo, mas na teoria o medo é apenas passageiro, por isso o que me dominou no momento foi a incerteza ] .

por mais que tudo tenha acontecido da pior - ou melhor - forma possível, não consegui encontrar um final filosófico para este texto meu, onde, geralmente, eu incremento dando a parecer que eu sou mais inteligente do que a idéia que eu mesmo criei.
Tento fazer isto porque desde sempre eu tive o conceito de que nem todas as palavras são aquilo que o dicionário diz - fica meio clichê porque eu tirei essa frase de uma música - mas é a pura verdade.
Sempre tive a idéia na minha mente que as palavras muitas vezes ( por mais vasto que o nosso vocabulário possa ser) não mostram realmente aquilo que a gente quer dizer e que, em relações ou namoros, a gente se perde porque não consegue achar palavras que mostrem realmente aquilo que a gente quer dizer.
- não tive esse problema ainda, mas quando eu o tiver, eu saberei que " eu te amo " não poderá virar "Bom Dia", porque uma hora vai perder o efeito que eu quero que ele tenha e, nesta hora, o relacionamento começará a murchar e eu não encontrarei palavras mais fortes do que esta pra mostrar realmente o que eu sinto, pois a nossa linguagem é muito simples e por mais que digam que o português é amplo demais, nunca encontrei palavra nenhuma - seja escrita no dicionário ou pichada no muro - que me mostrasse aquilo que eu queria ver.

e é por isso que, de alguma forma, vou tentar criar um vocabulário onde apenas eu entenda aquilo que eu realmente quero dizer e, de tal jeito, fazer com que as palavras valham alguma coisa pelo menos para mim.
Enquanto isso vou continuar no velho vocabulário conhecido por todos e todas, que mesmo da pior forma, me encontro.

; diário secreto.