sexta-feira, agosto 21

Fim.

Andei pensando a respeito do que tenho que fazer, ou melhor, se tenho que fazer alguma coisa ou algo parecido. Mas se algo tivesse para acontecer, este algo provavelmente já teria acontecido. Teria mudado ou se transmutado a situação que está agora. Parei de contar os dias, eles não passam mais pra mim. A ternura do tempo é uma coisa tão complexa que quando você o vê de um ângulo diferente, descobre que o passar das horas não acontece pelo tique-taque do relógio e sim pelas coisas que você faz pra crescer e vê que essas coisas são as coisas que fazem com que sua hora passe. Que você cresça e desapareça.

E a minha hora agora está passando.

E crescendo.

E eu, desaparecendo.

Preciso de uma explicação para eu mesmo. E pra quem for me ler aqui também. Vou mudar de tema. Mudar de blog. Esse blog serviu muito para a minha vida! Serviu tanto que nunca vou poder esquecer ele e, mesmo que eu quisesse, ele ainda vai estar aqui para quando eu quiser revê-lo e olhar o que passei e quis registrar pela última vez.

Esse blog registra os piores – e os melhores – dos meus sentimentos, ele registra as descobertas e encobertas da minha vida. Registra coisas que eu não teria coragem de contar a ninguém e acabei contando e, por fim, registra segredos que não tenho – ou melhor, não tive – coragem de compartilhar. Mas é exatamente por isso que ele está mudando. Não é mais um “segredo”, não é mais uma cravelha. A chavezinha lá da palavra difícil que nem eu mais lembro o que significa. Eu quis viajar no tempo, me segurar forte naquilo que não pude soltar. No que não pude ter.

Todos os milhões de milhas distantes fazem sentido? As músicas postadas? Os amores ganhados, os tragos soltos, estragos perdidos e escravos cravados? Fazem!

Não há mais nada o que postar. Clareei-me.

E é como me sinto, como se eu estivesse destinado a bem mais do que um blog de desabafos que não consigo mais botar ordem. Que nunca consegui. Minhas palavras sempre foram muito mais forte do que pude agüentar, muito mais forte do que minhas letras poderiam escrever. E elas continuarão incrédulas, poderosas como sempre. Mas em outro lugar, já que este já alcançou a estabilidade máxima. A quantidade máxima de visitantes, a quantidade máxima de segredos expostos de uma pessoa que tinha medo de se identificar. Outro blog. Outra história, outro “quem sou eu” e outro perfil de alguém agora disposto a viver.

Será possivelmente o mesmo eu, onde provavelmente abordarei os mesmos ângulos com o medo de me apegar às mesmas coisas que me apeguei pra escrever aqui. Isso se chama humanidade.

Vou corar de vergonha, porque minha platéia imaginária é tão óbvia que ela não em idéia do quão transparente que é. Não tem idéia de que de vez em quando escrevo coisas simplesmente porque sei que ela vai ler. Mas isso não mais importa, visto que a partir da próxima escrita minha forma de falar muda.

E quando a manhã chegar, não vou dizer que preciso disso. Um segredo se fechou para uma porta aberta. O segredo que tanto guardei aqui vai ser exposto para uma vida menos medíocre, mais perto do que eu sou e longe do asco de se esconder por trás de uma imagem que não tem sentido nem vontade de assumir o que realmente é.

Foram sei lá... Alguns anos, talvez? Que me desabafei, que me descobri. Que gritei, chorei, corei, gemi, falei, sorri, vivi e morri. E isso fica aqui, ficando por ficar.

Primeiro porque uma pessoa influenciou minha vida a ser mudada, mesmo que ela não tenha consciência disso; e segundo porque eu já precisava disso e agora me sinto pronto pra me desgrudar da mão que me sustentou esse tempo todo.

Embora pareça que eu esteja congelado pela dor ou quebrando meu próprio coração, estou simplesmente me libertando. Saindo do berço pra crescer, pra eu mesmo me salvar dessa miséria que agora passou a me consumir.

Se alguém ainda lê isso e quiser a continuação e a “parte 02” de tudo o que escrevo é só me pedir. As poucas pessoas que sabem disso provavelmente são amigas ou ficaram lendo por ficar por conta de um ou outro texto o qual quis compartilhar.

E das pessoas, quis que poucas fizessem a diferença na minha vida. Umas ficaram, outras foram embora.

A vida mudou.

As pessoas mudaram.

Sentimentos mudaram. Alguns pra pior, outros pra melhor.

E se eu posso dizer uma coisa com convicção, é que com esses anos eu tive a conclusão mais sensata que eu poderia ter: a vida muda - e rápido! – como se fosse um compasso alegre de quando você se encharca brincando com uma água que desconhece. De um rio, lago, cachoeira, mar ou até a água da privada.

Você nunca vai saber que a água veio de lá se alguém te der uma taça pra beber, vai? É exatamente isso o que aconteceu comigo.

Ninguém nunca vai saber o que quero dizer se não buscarem a vontade de me descobrir. Mas isso fica de cada um, não exijo nem quero exigir nada de ninguém.

Por essa decisão, me sinto feliz. E não vou mudar – ou se mudar, não tão cedo.

E como ultima dica ao leitor, vai mais um conselho do que uma dica. Coisa que todo mundo sai dizendo, mas poucas pessoas têm coragem de fazer: ser feliz.

Sem ter medo de buscar algo que você pode alcançar com o sorriso estampado na cara, independente de quem você tem ou não tem ao seu lado. Sem ter medo da falha ou das pessoas que vão te derrubar no caminho. Sem ter medo de quem você ama porque essa pessoa pode te dar as costas. Sem ter medo de cair no chão, porque mesmo com a cara achatada e dolorida, você ainda poderá passar remédios, se recuperar e ficar ainda mais reluzente do que já é.

E pra isso, basta ser quem você é. Ou se não for... Faça o máximo possível pra agradar o seu gosto. Ser feliz é uma dádiva que comecei a alcançar!

Beijos!



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